O mal que habita em mim
RESENHA
Ashbell Simonton Rédua[1]
LUNDGAARD, Kris. O mal que habita em mim: uma conversa franca sobre o poder e a derrota do pecado. São Paulo: Cultura Cristã, 2003, 159 p.
Kris Lundgaard anteriormente um estudante do Seminary Theological Jackson, aprendeu em um curso ministrado pelo professor visitante J.I.Packer, sobre a vida e os escritos de John Owen. Em 1998 escreveu este livro que traduzido para o português, obteve o título de “o mal que habita em mim” que é uma restauração contemporânea dos trabalhos de John Owen “The Mortication Of Sin (A Mortificação do Pecado)”.
Lundgaard é atualmente gerente de uma loja de computador. Foi um grande contribuir da Teologia Puritana, dando o melhor que tinha de John Owen. Hoje com 47 anos de idade, vive com sua esposa Paula desde 1978 quando casaram, sendo agraciados por Deus com quatro crianças notáveis. Tem servido a Church Presbyterian of Redeemer em Austin, ensinando algumas vezes em uma das classes da Escola Dominical.
A maioria prefere se entregar ao pecado ao invés optar pela dolorosa obra de tomar a sua cruz e nela pregar a sua carne. Kris Lundgaard retrata neste livro a visão puritana de como Deus trata o pecado. Baseado em John Owen, pregador puritano nascido em 1616, é um dos grandes estudiosos das Escrituras que sempre ensinou sobre a importância de lutar contra tendências e atitudes pecaminosas. Acreditava que Deus já nos deu as armas necessárias para vencer o pecado: os princípios da Palavra e o poder do Espírito Santo.
O Livro é apresentado de forma simples e de fácil compreensão, com designe de capa bem elaborado, dando a idéia ter sido manchada na parte central e nas bordas com a cor negra, assim como mancha o pecado na vida do homem.
As notas explicativas e bibliográficas são apresentadas no final do livro, bem como vários comentários, de ilustres teólogos como: J.I. Packer, do Regente College, Jerry Bridges, do The Vavigators, Richard L. Pratt, Jr, do Reformed Theological Seminary, Steve Brown, do REformed Theological Seminary, Steven J. Lawson, Pastor, Dauphin Way Baptist Church e Bryan Chapell, President, Covernant Theological Seminary. Todas indiscutivelmente apreciaram a importância do tema desenvolvido pelo autor.
O livro está dividido em quatro partes, totalizando 13 capítulos. No final de cada capítulo contém algumas questões para reflexão e estudo, levando o leitor a confrontar as suas convicções com o tema apresentado.
Na primeira parte Lundgaard expõe de modo claro a natureza pecaminosa que habita no crente e a necessidade do reconhecimento deste mostro (inimigo), travando definitivamente a batalha contra o pecado.
Por causa da depravação humana - nossa natureza pecaminosa - nosso comportamento é bem previsível e aqueles que estudam essas coisas aprenderam que, sob certas circunstâncias, as probabilidades são muito altas e que a maioria reagirá de um mesmo modo.
As Escrituras é muito clara sobre a condição da natureza humana caída. É má, muito má e, deixada a si própria, levaria toda a raça humana à morte e à destruição. Tudo o que precisamos fazer é olhar ao redor no mundo de hoje, e podemos ver, em todos os lugares, os resultados do que nossa natureza caída fez: guerra, terrorismo, vício, exploração, prostituição, crime, e por aí vai. Unicamente pela graça de Deus não nos destruímos a nós mesmo.
Que diremos então?" A lei é pecaminosa?". Se a lei aumenta o nosso desejo de pecar, é má? Paulo diz, "Claro que não! Contudo, eu não teria sabido o que era o pecado se não fosse pela lei."A lei revela o que é o pecado” (Romanos 3:20), e esse é um conhecimento perigoso.
Mas a relação entre lei e pecado é mais do que simplesmente dar informações, a lei, ao definir o pecado, disse à sua natureza pecaminosa como pecar mais. A nossa natureza pecaminosa quer violar leis. Se lhe derem uma regra, ela quer quebrá-la. Por isso a lei, ao proibir determinadas coisas, fez com que os homens mais as praticasse, devido à sua natureza perversa.
A lei não é o problema - mas é que é tão facilmente pirateada pelos desejos pecaminosos. A lei não fez com que déssemos um passo errado - só nos disse onde acabaríamos se o déssemos, e a perversidade dentro de nós fez-nos dar o passo errado. O pecado enganou e colocou o homem no caminho para a morte.
A lei não é o culpado - foi um cúmplice sem querer. A lei causou a minha morte? É claro que não. Os criminosos não podem culpar a lei pelo que fazem. Pelo contrário, a lei só nos diz o resultado do que fizemos.
A lei é boa, mas o pecado seqüestra-à e usa-a para trazer morte. Deus permitiu isto para que víssemos como o pecado é terrível.
No crente há a velha natureza, a natureza pecaminosa,, e há a nova natureza, a natureza espiritual, em Cristo. A nova natureza é escrava de Cristo, mas a natureza pecaminosa ainda é escrava do pecado, e estão ambas ativas. Ser libertado do pecado e escravizado pela virtude não é automático - envolve uma luta. A mente humana, conduzida pelo Espírito Santo, guerreia contra o seu corpo, que foi sequestrado pelo pecado. Embora queira fazer o bem, o mal dentro de nós por vezes obriga-nos a fazer coisas que odeiamos. Por isso o homem espiritual geme, como diz em Romanos 8:23, aguardando pela redenção do seu corpo, a ressurreição e derradeira vitória sobre a sua natureza pecaminosa.
Na segunda parte Lundgaard expõe como o pecado age no crente, se disfarça e seduz, induzindo-o a buscar uma santificação hipócrita, isto é falsa, pecados sempre justificáveis, embora racionalizados inteligentemente. É como se tudo fosse de ninguém, de tal modo que "res nullus fiunt primi occupantis", em outras palavras: em outras palavras: "eu ocupo, logo é meu; e em sendo meu faço o que bem entendo... não importando que eu não entenda o que e como deva ser moralmente entendido de minha parte", é na fraqueza da mente onde ele é facilmente fisgado.
A história está recheada de exemplos de todos os tamanhos e, de certa maneira, justificam teorias de que as contendas e as guerras partem de íntima motivação pecaminosa, ou seja: "eu quero aquilo, custe o que custar". Neste caso – como, aliás, em outros tão ou mais abrangente é difícil de aferir e é facilmente fantasiável.
A natureza pecaminosa quer que acreditemos que um “pecadinho” não é tão grave assim, que não fará tanto mal. Mas o pecado sempre mancha tudo o que toca. Parte da sedução do pecado é fazer com que fiquemos cegos às suas conseqüências. Se pudermos parar e pensar no que isso pode causar nas nossas vidas, nas nossas famílias, no nosso ministério e na nossa igreja, poderemos encontrar no Senhor a força para enfrentar a mentira do pecado com a verdade das Escrituras Sagradas.
Quando o homem vive uma vida depravada, imoral! A natureza pecaminosa levam desprezo a Deus descaradamente pecando levianamente e continuamente, guardando nos corações pensamentos sujos ou de ódio durante anos.
Na terceira parte, o pecado é demonstrado na sua capacidade de apagar o primeiro amor. A natureza pecaminosa, que rouba a honra e a glória do Senhor Deus, impedindo o homem de reconhecer o Senhorio de Jesus Cristo. Para alcançar seu objetivo ele lança mão de toda sorte de enganos e mentiras. O pecado é como um câncer. Ele destrói a comunhão do homem e Deus e além de tudo é a condição pecaminosa do homem que impede que entendamos o amor a Deus.
O pensamento, essa importante faculdade da alma foi destituída da sua glória original, e coberta de confusão. Tanto a mente como a consciência estão corrompidas.
Os sentimentos do homem natural estão miseravelmente deformados, ele é um monstro espiritual. O seu coração se encontra onde deveriam estar os seus pés, seguro ao chão; seus calcanhares estão levantados contra os Céus, para onde deveria estar posto o seu coração
Na quarta parte, é demonstrada toda a esperança que devemos ter em uma vida de vitória contra o pecado e contra a carne.
O objetivo de Lundgaard é responder à seguinte pergunta: “Se Deus me redimiu do pecado e me deu seu Santo Espírito para me santificar e me dar forças contra o pecado, por que eu continuo a pecar?
Lundgaard descreve a visão Puritana sobre como viver uma vida santificada. Pouco do que eles pregaram e escreveram contém qualquer coisa única ou nova, comparada com sua herança doutrinária. O que é especial sobre a visão Puritana da santidade é sua plenitude e equilíbrio, em vez da sua forma distinta. Voltar-se do pecado, o arrependimento, e isto é uma atividade para toda a vida. Nós devemos nos arrepender todos os dias de nossas vidas, e à medida que assim fazemos, devemos também voltar para a retidão. Os pecados internos operam de dentro para fora, enquanto o mundo exerce a pressão ímpia de fora para dentro. Assim, embora uma pessoa conquistada pelo Espírito Santo busque expandir e ganhar a santificação, o diabo junto com o mundo e a velha natureza humana, forma uma frente de batalha na alma. Uma guerra espiritual.
A obra de Lundgaard é uma obra ímpar ao tratar do tema pecado. O autor consegue ser profundamente bíblico e teológico e ser prático sem o risco do pragmatismo de nossos dias.
Estes elementos presentes na obra são o que a tornam tão relevante a nossa Igreja. Com base na Teologia Puritana de John Ower, nossa herança teológica. O autor não ensina um caminho fácil de santificação, como é popular na Teologia da Pós-modernidade, mas um caminho onde o cristão confrontará diariamente com a carne, o mundo e o pecado, que continuam agindo em sua própria vida. Lundgaard parte do princípio de que agradar a Deus é a maior vocação do cristão. Porém, há obstáculos no caminho de viver para o agrado de Deus. Precisamos de ajuda para superá-los, ajuda que é encontrada em Deus e na operação eficaz do Espírito Santo em nossa vida.
O livro é um guia prático para a vida cristã. Não é uma obra acadêmica, mas uma tentativa de ajudar o crente na luta contra o pecado.
Portanto recomendo a leitura com a oração de que o leitor também seja influenciado como eu fui e Deus pela sua graça faça ao leitor o mesmo que fez e que tem feito a mim.
[*] Ashbell Simonton Rédua, é aluno do Curso de Validação em Teologia, oferecido pela Universidade Presbiteriana Mackenzie.
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