E-RESENHAS

18 maio 2006

HISTÓRIA DO PENSAMENTO CRISTÃO


RESENHA
Rev. Ashbell Simonton Rédua*

TILLICH, Paul. História do Pensamento Cristão. Tradução de Jaci Maraschin. São Paulo: ASTE, 1988
O Cristianismo é em sua essência uma experiência transcende ao nível da materialidade humana, uma experiência que acontece em todos os tempos e em todas as situações e é em si mesmo independente.
O cristianismo é portador de poder e oferece à humanidade uma mensagem de vida, de conhecimento e de verdade, tanto para a pessoa como para a sociedade.
Assim o cristianismo é um movimento que parte do particular para o geral, do interior para o exterior, apropriando-se de formas culturais ou simplesmente passando ao largo delas. Na verdade, ele dá forma às expressões culturais e, concomitantemente, toma novas formas a partir delas. Dessa maneira o cristianismo está ligado à interpretação de formas de consciência filosófica, à experiência estética e ao ideal ético de pessoalidade, e, logicamente, aos grandes modelos sociais e econômicos.
O pensamento de Tillich está marcado por uma forma de entender o mundo a partir de um fundamento que determina o comportamento, as formas de racionalidade, pensamento e entendimento, dando conteúdos e limites à noções amplas como lei, democracia, justiça, ética, perdão, sexualidade, etc.
É evidente no seu pensamento que a dúvida deve fazer parte constante da fé cristã. A ausência de dúvida não significa uma fé sólida como costumamos imaginar, mas ao contrário, ela pode tornar-se dogmática, violenta e até mesmo idólatra se ela se solidificar mais nos jeitos (teologias) de acreditar em Deus do que naquilo que se acredita (Deus), isto foi vivenciado nos Concílios da Igreja.
A idéia base é de que a história do pensamento cristão se elabora a partir de quatro elementos díspares, que deve seguir, cada um deles, a sua própria lógica, a saber: fé, revelação, Escritura e experiência religiosa, que Tillich coloca sob o tópico de "símbolos religiosos". O pensamento histórico da teologia não é senão um esforço de interpretação conjunta do que se aufere da interpretação de cada um desses elementos, portanto, seu método é, em última análise, um método de correlação. De fato, o método de conhecer o pensamento teológico é um método de correlação, alcançando um resultado para o qual convergem todos os quatro elementos.
A clareza com que são expostas e resolvidas as grandes questões do método em teologia recomenda o estudo da obra a todos que se empenham nas reflexões religiosas a partir da fé, ou mesmo, na perspectiva hoje muito significativa, do fenômeno religioso em sua generalidade.

* Rev. Ashbell Simonton Rédua é Pastor da Igreja Presbiteriana do Sinai e Membro da Comissão Nacional de Evangelização da IPB

Contexto Histórico de Comenius: A Reforma Protestante do Século XVI.


RESUMO
Rev. Ashbell Simonton Rédua*
LOPES, Edson Pereira. Contexto Histórico de Comenius: A Reforma Protestante do Século XVI. In, O Conceito de teologia e pedagogia na Didática Magna de Comenius. Série Descoberta, I. São Paulo: Mackenzie, 2003.

Comenius conhecia bem as doutrinas que, sobre a educação, haviam professado Lutero e Melanchton, bem como as idéias de reformas do sistema pedagógico medieval, preconizadas por outros precursores anunciada desde a aurora do século XVI. Com a Reforma Protestante, quando se defendiam a educação universal e pública, capaz de tornar cada pessoa apta a ler e interpretar por si mesma a Bíblia. Lutero produziu uma reforma global do sistema de ensino alemão, que inaugurou a escola moderna, sempre havia pregado contra as indulgências, mas o que o levou a realizar um protesto público, em 1517, que oferecia privilégios específicos. Contra ela, elaborou 95 teses, criticando as práticas eclesiásticas, e afixou-as na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg. Tão importante quanto Lutero para a educação foi Philipp Melanchthon. Durante o período que Lutero passou impedido de se manifestar publicamente, Melanchthon foi o porta-voz da causa reformista e um dos encarregados de reorganizar as igrejas dos principados que haviam aderido ao luteranismo. Esse trabalho resultou no projeto de criação de um sistema de escolas públicas. A reforma da instrução era uma das principais reivindicações das camadas mais pobres da população, insatisfeitas com as más condições de vida e com o ensino escasso e ineficaz oferecido pela Igreja. Para isso, foi criado um sistema que atendia tanto à finalidade de preparar para o trabalho quanto à possibilidade de prosseguir os estudos para elevação cultural. O currículo era fortemente baseado nas ciências humanas, atribuindo importante função formadora ao estudo da história. João Calvino, foi um homem que modificou o mundo à sua volta, deixando as marcas de seu pensamento, lógico e de sua grande erudição. A sua Instituição da Religião Cristã, conforme ele mesmo afirmou, era um manual para facilitar a compreensão da Bíblia. A função de doutor foi criada dentro da igreja para que o ensino da verdadeira doutrina fosse ministrada e com a criação da Academia de Genebra em 1559, desenvolveu um programa de ensino unificado de nível primário, secundário e universitário coroando de êxito seu trabalho de teólogo, que reconhecia na educação a ferramenta fundamental para o sucesso de sua fé. Sem dúvida nenhuma Calvino foi um grande educador e lutou com todas as suas forças para que o crente, apto a examinar as Escrituras, por meio da educação recebida na escola, esperasse na fé das promessas ali contidas, sua salvação.
Palavras-chave: Fundamentos da Educação, Lutero, Melanchton, João Calvino, Calvinismo, Reforma Protestante Século XVI.
*Rev. Ashbell Simonton Rédua é Vice Presidente da Aliança Protestante Nacional e Pastor da Igreja Presbiteriana do Sinai

Vida e obra de Comenius: A Reforma Protestante do Século XVI


RESENHA
Rev. Ashbell Simonton Rédua*

LOPES, Edson Pereira. Vida e obra de Comenius: A Reforma Protestante do Século XVI. In, O Conceito de teologia e pedagogia na Didática Magna de Comenius. Série Descoberta, I. São Paulo: Mackenzie, 2003.

Comenius (1592 - 1670) foi o fundador da didática e, em grande parte, da pedagogia moderna. A obra pedagógica essencial de Comenius é Didactica Magna (1667), que permaneceu ignorada até o séc. XIX. Nessa obra, Comenius elaborou uma proposta de reforma da escola e do ensino e lançou as bases de uma nova pedagogia que prioriza a arte de ensinar por ele denominada didática: empreendeu um programa intenso de transformação fundamental dos programas e métodos de ensino; propôs-se a elaborar um método universal para ensinar de tudo a todos, aproximou-se da criança de modo incomparavelmente mais marcante do que qualquer um de seus predecessores ou contemporâneos.
Comenius introduziu no cenário pedagógico a ênfase aos meios, secundarizando o que até então tinha sido fundamental, a formação do homem ideal.
Nascido na região da Moravia, na atual República Tcheca, Europa, em 28 de março de 1592, era de família eslava e praticante do protestantismo. Sua família seguia a costumes dos Irmãos Morávios, grupo religioso inspirado nas idéias do reformista Jan Huss, da Bohemia e estreitamente ligado às Sagradas Escrituras e defensores de uma vida humilde, simples e sem ostentações. Essa educação rígida e piedosa exerceu grande influência sobre o espírito de Comenius, influenciando sua vocação para os estudos teológicos.
Tendo perdido seus pais e irmãs aos 12 anos, foi cuidado sem muito carinho por uma família de seguidores do seguimento religioso dos Morávios, e, sua educação básica não fugiu aos padrões da época: saber ler, escrever e contar, ensinamentos aprendidos num ambiente escolar rígido, sombrio, onde a figura do professor imperava e as crianças tratadas como pequenos adultos e os conteúdos escolares infalíveis e inquestionáveis.
O rigor da escola e a falta de carinho familiar marcaram a vida do órfão Comenius a ponto de inspirar, certamente, os princípios de uma didática que pode ser considerada revolucionária para a época, o século XVII.
Ao terminar os estudos secundários, ingressa na Universidade Calvinista de Herbron, região da Alemanha, onde estuda Teologia. Adquire boa formação cultural, e uma vasta cultura enciclopédica; estreita seus laços com a religião e torna-se pastor, tendo ainda, enquanto estudante, iniciado a produção de suas primeiras obras.
Segue para Heidelberg, região da Alemanha, onde aprimora seus estudos de astronomia e matemática, retornando à Moravia, sua região natal, e se estabelece em Prerov atuando no magistério, ansioso em colocar em prática as idéias pedagógicas trazidas da Universidade.
Em 1648, viúvo, doente e desprestigiado em sua comunidade, Comenius abandona a Polônia, estabelecendo-se em Amsterdã, cidade da Holanda, onde se casa novamente em 1649. Lá se restabelece e retorna o seu trabalho de educador e reformador social.
Prestigiado pelas autoridades holandesas, estas publicam todas as suas obras pedagógicas, muitas delas já famosas.
Comenius termina seus dias na Holanda, famoso, prestigiado e lutando, até a morte, pela fraternidade entre os povos e as igrejas.
Morre em 15 de novembro de 1670, tendo sido enterrado em Naarden, Holanda, onde foi construído um mausoléu em sua homenagem.
*Rev. Ashbell Simonton Pastor da Igreja Presbiteriana do Sinai e membro da Comissão Nacional de Evangelização.

17 maio 2006

O Conceito Teológico-Pedagógico de Comenius


RESENHA
Rev. Ashbell Simonton Rédua*
LOPES, Edson Pereira. O Conceito Teológico-Pedagógico de Comenius. In, O Conceito de teologia e pedagogia na Didática Magna de Comenius. Série Descoberta, I. São Paulo: Mackenzie, 2003.

Nesta pesquisa, buscou-se avaliar o quanto a concepção teológica-pedagógica do Pai da Pedagogia Moderna, João Amós Comenius, embasou sua principal obra, a Didática Magna. Comenius preocupou-se, ao escrever essa obra, em partir de sua concepção teológica de homem, ou seja, o homem como imagem e semelhança de Deus.
Em síntese, para Comenius, três eram os princípios que norteavam a formação do indivíduo, voltado para a sua função de glorificador de Deus: a Instrução; a Moral e a Piedade. Desses princípios, a piedade deve ser exaltada, pois é por meio dela que o homem será conduzido ao Criador.
Comenius diz também que a educação deve ser aplicada a todos. Nas escolas, devem-se admitir não só os filhos dos ricos e dos próceres, mas todos, por igual, nobres e plebeus, ricos e pobres, meninos e meninas, os quais devem ser educados conjuntamente no mesmo estabelecimento. Com isso, Comenius se adiantou no seu tempo e antecipou a idéia da escola democrática unificada.
Comenius é o primeiro educador, no mundo ocidental, a interessar-se na relação ensino/aprendizagem, levando em conta haver diferença entre o ensinar e o aprender.
Objetivando a aproximação do homem a Deus, o objetivo central da educação para Comenius era tornar os homens bons cristãos - sábios no pensamento, dotados de verdadeira fé, capazes de praticar ações virtuosas estendendo-se a todos: ricos, pobres, mulheres, portadores de deficiências. Para ele, a didática é, ao mesmo tempo, processo e tratado: é tanto o ato de ensinar quanto a arte de ensinar.
Salientava a importância da educação formal de crianças pequenas e preconizou a criação de escolas maternais, pois assim as crianças teriam, desde muito cedo, a oportunidade de adquirir as noções elementares do que deveriam aprender mais tarde, com profundidade. Defendia a tese de que a educação deve começar pelos sentidos, pois as experiências sensoriais obtidas através dos objetos seriam internalizadas e, mais tarde, interpretadas pela razão. Compreensão, retenção e práticas consistiam a base de seu método didático e, por meio desses elementos, chegar-se-ia às três qualidades: erudição, virtude e religião, correspondendo às três faculdades que é preciso ter: intelecto, vontade e memória.
O alvo da escola é a formação de homens críticos e ativos na sociedade, homens que saibam conciliar sabedoria e conhecimento em suas ações. Compreendemos que só podemos atingir este ideal a partir de Deus, pois dEle provém toda boa dádiva, toda a perfeita sabedoria. Compreendendo que somente em Seu Filho encontramos todos os mistérios e toda a ciência, pois foi Ele quem tudo sabiamente criou.
*Rev. Ashbell Simonton Rédua é pastor da Igreja Presbiteriana do Sinai, Membro da Comissão Nacional de Evangelização da IPB